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Fundamentos da Tecnologia Educacional e Educação a Distância

Nessa disciplina foram abordados 4 tópicos principais: o histórico da EAD, a legislação, a neurociência no processo de aprendizagem e as metodologias ativas de ensino. Os exercícios constituiram-se de discussões no fóruns  e elaboração de textos. Abaixo estão algumas das minhas produções na disciplina.

O conceito de EAD e como esta modalidade se diferencia da modalidade presencial. 

    Segundo o MEC, a educação a distância é quando o processo educativo ocorre com professores e alunos separados temporal ou espacialmente, sendo esse processo mediado através das tecnologias de informação ou comunicação. É isso que a diferencia da educação presencial.

           Para mim a principal diferença da EAD e da educação presencial é a flexibilidade proporcionada pela primeira, além do uso mais acentuado das TICs (pois a presencial também as suas cada vez mais). Contudo, a tendência cada vez maior é mesclar as duas modalidades, principalmente após a liberação do MEC para que até 20% das disciplinas contenham atividades a distância.

            Com a variedade de tecnologias disponíveis para a comunicação entre as pessoas, a EAD vai ficando cada vez mais parecida com a educação presencial. Pois, se antes os antigos cursos EAD eram “aulas” passivas através de apostilas enviadas pelo correio ou videos apresentados na televisão, atualmente a interação é muito maior, e alunos e professores podem comunicar entre si através de e-mails, chats, skype e inúmeros outros recursos.

            Pedagogicamente falando, acredito que não exista muitas diferenças entre EAD e educação presencial, pois as duas modalidades devem formular estratégias de ensino diversificadas e que estimulem a busca por conhecimento. Muito se fala que na EAD o aluno precisa ser mais autônomo, mas essa realidade já está ultrapassada, pois mesmo no ensino presencial já se espera que o aluno seja capaz de buscar informação por conta própria, questione o professor e traga dados novos para a sala de aula.

            Contudo, a EAD se diferencia da educação presencial por alcançar uma gama muito maior de pessoas. É possível oferecer educação de qualidade para regiões longínquas do Brasil (desde é claro que possuam meios tecnológicos básicos) ou então fazer um curso de uma instituição altamente renomada dos EUA ou Europa sem ter que desembolsar um valor tão alto pelo curso ao não envolver questões como moradia em um país estrangeiro. A EAD portanto é um instrumento de democratização da educação de um modo que cursos presenciais não conseguem ser. 

Discutir sobre os desdobramentos da Legislação brasileira em detrimento dos possíveis Modelos de EaD instituconais e de Cursos.

Alguns pontos que me chamaram atenção na legislação sobre EAD são:

 - Instrução Normativa SERES Nº 4, de 31 de maio de 2013: trata sobre os critérios para a dispensa de avaliação in loco para os casos em que a instituição já foi bem avaliada em outras ocasiões. Justo a desburocratização após a instituição demonstrar sua competência e seriedade em avaliações anteriores, mas deve-se ficar atento para que cursos mais fracos permaneçam indetectáveis pelo governo.

 - Portaria SERES Nº 244, de 31 de maio de 2013: interessante como a maioria esmagadora dos cursos EAD citados nessa portaria são licenciaturas. Lembro de ler algum tempo atrás que um dos motivos para quase 50% dos cursos EAD serem licenciatura é a iniciativa do governo para formar professores, profissionais cada vez mais escassos. Me pergunto se em outros países o quadro é igual ao do Brasil ou o bacharelado tem mais vez na EAD.

 - Decreto 5.622 de 2005: no 4º artigo determina-se que os resultados dos exames presenciais devem prevalecer em relação ao demais resultados obtidos nas avaliações a distância. Considero que essa determinação é uma forma de desqualificar a EAD (como se não fosse algo sério e responsável) e também releva a avaliação processual a um segundo plano ao supervalorizar a avaliação final, que é o teste que normalmente acontece presencialmente.

Apresentar exemplos de Metodologias Ativas circulantes no mundo.

     Segundo Berbel (2011, p. 28),

As metodologias ativas têm o potencial de despertar a curiosidade, à medida que os alunos se inserem na teorização e trazem elementos novos, ainda não considerados nas aulas ou na própria perspectiva do professor. Quando acatadas e analisadas as contribuições dos alunos, valorizando-as, são estimulados os sentimentos de engajamento, percepção de competência e de pertencimento, além da persistência nos estudos, entre outras.

   Dessa forma, as metodologias ativas buscam colocar o aluno em posição de destaque no processo de ensino-aprendizagem.  Mais do que apenas reproduzir proposições já existentes, sendo um mero expectados do mundo, o aluno poderá ser um agente ativo no processo de construção do conhecimento.  

   A metodologia ativa mais em voga atualmente seja a flipped classroom, que consiste no estudo da teoria em casa e em sala de aula são feitos exercícios, debates e o aprofundamento da questão. Ou seja, o professor utiliza melhor seu tempo ao substituir as aulas expositivas tradicionais, muitas vezes cansativas e desestimulantes, por atividades interativas com seus alunos. Normalmente esse estudo em casa são vídeos gravados pelo professor explicando um assunto e em sala de aula os alunos tiram as dúvidas que surgirem. Um dos casos de sucesso com o uso dessa metodologia é a Khan Academy.

    Contudo, há outras metodologias ativas que podem ser incorporadas ao ensino tradicional pelos professores para diversificar o ensino. Abaixo alguns exemplos:

 - Estudo de caso: muito utilizado em administração e direito, no estudo de caso o aluno deve analisar uma situação, criar soluções para a resolução de um problema e tomar uma decisão sobre qual a melhor alternativa a ser escolhida. “O estudo de caso é recomendado para possibilitar aos alunos um contato com situações que podem ser encontradas na profissão e habituá-los a analisá-las em seus diferentes ângulos antes de tomar uma decisão” (Trevelin; Pereira; Oliveira Neto, 2013, p. 31).

 - Processo do incidente: é uma variante do estudo de caso, onde “o professor apresenta à classe uma ocorrência ou incidente de forma resumida, sem oferecer maiores detalhes. A seguir, coloca-se à disposição dos alunos para fornecer-lhes os esclarecimentos que desejarem. Finda a sessão de perguntas, a classe é subdividida em pequenos grupos e os alunos passam a estudar a situação, em busca de explicações ou soluções” (GIL, 1990, p.84 apud Trevelin; Pereira; Oliveira Neto, 2013, p. 31).

 - Pesquisa científica: bastante estimulada junto aos alunos do ensino superior, coloca o individuo no papel de pesquisador.

 - Aprendizagem baseadas em problemas (ABProb): essa metodologia é antiga e no Brasil começou a ser utilizada pela área de medicina, expandindo seu alcance para outros cursos posteriormente. “Esse método de ensino fundamenta-se no uso contextualizado de uma situação problema para o aprendizado autodirigido. [...] Nesse contexto, o professor atua como orientador ou facilitador nos grupos de trabalho ou estudo, nos quais a interação entre professor-aluno é muito mais intensa do que em aulas puramente expositivas” (BARBOSA; MOURA, 2013, p. 58).

 - Aprendizagem baseada em projetos (ABProj):  nessa metodologia uma problema real ou teórico deve ser solucionado através do desenvolvimento e/ou realização de um projeto.

    Em comum a todas essas metodologias está a colocação do aluno como o sujeito principal do processo de aprendizagem. Enquanto no ensino tradicional o professor é o agente principal e a transmissão do conhecimento é centralizada em sua figura, nas metodologias ativas o aluno deixa de ser um receptor passivo de informação para ser também um polo emissor de conhecimento. Dessa forma, o aluno além de receber informações também terá de retrabalha-las para produzir um novo conhecimento ou solucionar algum problema. Segundo Barbel (2011, p. 34),

  Nesse caminho, é possível que ocorra, gradativamente, o desenvolvimento do espírito científico, do pensamento crítico, do pensamento reflexivo, de valores éticos, entre outras conquistas dessa natureza, por meio da educação, nos diferentes níveis, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia na formação do ser humano e de futuros profissionais.

 

 

REFERÊNCIAS:

BARBOSA, E. F.; MOURA, D. G. de.  Metodologias ativas na aprendizagem na educação profissional e tecnológica. B. Tec. Senac, Rio de Janeiro, v. 39, n.2, p.48-67, maio/ago. 2013. Disponível em: <http://www.senac.br/media/42471/os_boletim_web_4.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2014.

 

BERBEL, N. A. N. As metodologias e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan./jun. 2011. Disponível em: <http://www.proiac.uff.br/sites/default/files/documentos/berbel_2011.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2014.

Tecer uma resenha sobre os principais aspectos (adminis-trativos ou acadêmicos) extraídos do Modelo da Open University.

            Em todo o mundo a educação tem sido reinventada nos últimos anos para incorporar as novas tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino. O mais importante contudo é a mudança de paradigma da educação que colocou o aluno no centro do processo de aprendizagem, sendo o professor não mais o único detentor do conhecimento.

     Conectada com essas mudanças, a Open University, uma universidade de ensino a distância no Reino Unido, promoveu uma remodelação tanto acadêmica quanto administrativa dentro da instituição, visando adequar-se aos novos tempos. Em termos acadêmicos, a universidade passou a seguir alguns preceitos como: incentivo a autonomia do aluno, oferta de experiências de aprendizado mais personalizadas e focadas no aluno, flexibilidade no processo de ensino, preocupação com a diversidade dos alunos, incentivo a construção colaborativa do conhecimento, uso de mídias sociais, oferta de cursos em módulos, permissão para os alunos utilizarem seus próprios dispositivos moveis durante o ensino, experiências de aprendizados que podem ser acessadas de casa ou do trabalho.

          No tocante aos aspectos administrativos, há uma preocupação constante em reter os alunos, que agora dispõem de inúmeros outros meios de adquirir conhecimento. Algumas estratégias elaboradas foram: uso das várias tecnologias disponíveis para diversificar e agilizar o processo de aprendizagem, foco em desenvolver habilidades a serem efetivamente utilizadas pelos alunos enquanto trabalhadores e cidadãos, incentivo ao aprendizado contínuo durante toda a vida do indivíduo (garantindo uma permanente demanda por instituições de ensino), criação de um ambiente agradável para os professores e outros profissionais envolvidos no processo de ensino, busca de inovação na criação de ambientes de aprendizagem.

           A remodelação da Open University demonstra que mesmo as mais renomadas instituições de ensino estão se reinventando para alcançar os anseios dessa nova geração de estudantes que possuem tanto meios, autonomia e autodidatismo para aprenderem. A chave da questão é oferta de um ensino flexível e que permita a personalização de acordo com as necessidades de cada aluno. Já nos aspectos mais administrativos, a EAD amplia o mercado das instituições ao permitir a internacionalização dos serviços ofertados e uma possível redução de custos com as novas tecnologias disponíveis.

 

FONTES:

Estratégias de Ensino e de Aprendizagem da Open University. Disponível em: <http://www.open.ac.uk/about/main/sites/www.open.ac.uk.about.main/files/files/ecms/web-content/S-2012-01-09-Refreshed-Learning-and-Teaching-Strategy-UPDATED.pdf>.

 

Strategic Plan da Open (2012 - 2015). Disponível em:  <http://www.open.ac.uk/about/main/sites/www.open.ac.uk.about.main/files/files/ecms/web-content/strategic-plan-2012-15.pdf>.

 

The Open University. Disponível em: <www.open.ac.uk>.

Quais seriam as funções cognitivas a serem desenvolvidas entre alunos e professores, a partir da interação, para não cairmos apenas nas reações de estímulo e resposta? Ou você considera de relevância, atuarmos apenas com estímulo e resposta.

   Um simples processo de reações de estimulo e resposta não é possível para o aprendizado. O aluno deve se sentir envolvido com aquele assunto, absorto nas novas descobertas e capaz de compartilhar e interagir com os outros sujeitos do conhecimento para de fato aprender algo. O estudo adaptativo é um excelente meio de melhorar a capacidade cognitiva dos alunos, pois quanto maior o interesse e motivação, melhor o desempenho cognitivo do indivíduo.

   Entre algumas funções cognitivas que o professor precisa estimular em seus alunos, estão a atenção, percepção, reflexão, abstração, memoria e linguagem. As aulas e lições devem ser dinâmicas, com a utilização de diversos recursos (visual, auditivo, sensitivo), conectadas com questões cotidianas do mundo ao redor do aluno (o que retoma muito dos ensinamentos de Paulo Freire), além de propiciarem que os alunos reflitam sobre o que é passado pelo professor e formulem novas ideias e resoluções de problemas, que podem ser abstraídos para diferentes contextos.

   Contudo, algumas questões da neurocognição vão além do alcance do professor, por exemplo quando se trata da fisiologia e da anatomia do cérebro dos alunos, sendo necessário a ajuda de especialistas de outras áreas. Esse é caso de crianças com déficit de atenção, que não foram estimuladas precocemente pelos pais ou mesmo casos de desnutrição ou abuso psicológico que influenciam na química cerebral que atua no momento de aprendizado. Nessas situações, é necessário cuidado redobrado para que esses alunos consigam alcançar seu potencial apesar dos obstáculos.

    O mundo contemporâneo também altera as funções cognitivas dos indivíduos. Por exemplo, não é preciso mais muita atenção para memorizadas um caminho na estrada pois hoje temos GPS, contas matemáticas podem ser feitas com calculadora e mesmo noções de espaço e profundidade podem ser representadas em simulações digitais. Por outro lado, o mundo atual é muito mais complexo e interconectado, demandando profissionais e cidadãos com uma capacidade de abstração e visão integrada do mundo de uma forma que antes não era necessário. Surge ai as diferenças geracionais, com adultos mais velhos que não conseguem se “locomover” por entre os infinitos hiperlinks da internet e crianças e adolescentes que não conseguem aprender simplesmente pelo exercício da leitura. Acredito que isso ocorra porque as redes neurais dessas gerações foram formadas e estruturadas de maneiras diferentes de acordo com a realidade na qual estavam inseridas.

 

   Atualmente, espera-se dos alunos que eles sejam autônomos, com grande capacidade de reflexão e pensamento crítico. Nesse sentido, tanto a EAD quanto a educação presencial tem que fazer uso de técnicas e metodologias que instiguem os alunos a aprenderem e a construir o conhecimento, ao invés de apenas receberam passivamente informações. Dessa forma, a preocupação com questões neurocognitivas são as mesmas.

   Contudo, uma parte muito importante do processo cognitivo implica na interação com outras pessoas e o ambiente ao seu redor, o que muitas vezes é prejudicado na educação à distância. Por isso, é necessário criar um um sistema EAD interativo, com atividades assíncronas e síncronas com os outros participantes do curso.           Outra questão é a forma como o conhecimento é assimilado pelos alunos. Na educação presencial, o aluno já fica em um estado de alerta (pelo menos a maioria) quando chega à sala de aula, traz consigo lápis e caderno para fazer anotações e ao estudar com um material impresso utiliza marca-texto e faz anotações ao longo do texto. Por outro lado, no ensino virtual o aluno sente mais liberdade para estudar em qualquer local e horário, podendo não ter sua atenção totalmente voltada para o estudo. Em relação as anotações e formas de esquematizar o conhecimento para melhor absorvê-lo, existem tecnologias que auxiliam a realizar digitalmente as mesmas coisas que fazíamos manualmente, por exemplo, os arquivos em PDF ou os livros digitais hoje podem ser editados de forma a realçar trechos com a opção marca-texto e inserir comentários tal como fazemos nos textos impressos.

    A habilidade cognitiva para seguir as informações de materiais online também é diferente devido a não linearidade dos hipertextos. Nos textos online é possível “pular” de uma página para outra, acessando informações adicionais, correlatas ou mesmo um simples link para a definição de um termo que aparece na leitura. Em alguns momentos, o hiperlink é um grande facilitador, pois proporciona que o indivíduo acesse uma nova informação apenas com clique. Contudo, a falta de linearidade pode acarretar em confusão para algumas pessoas, que se sentem perdidas, sem conseguir visualizar a trilha que percorreram para construir o conhecimento, como bem descrito por Colombo (2006) ao denominar o hipertexto como um labirinto do ciberespaço.

 

REFERÊNCIAS:

COLOMBO, Luis Augusto Beraldi. Mundo tecnológico pós-moderno. In: ____. Comenius, a educação e o ciberespaço. Bragança Paulista: Comenius, 2006. cap. 2, p. 61-81.

 

GARRIDO, Susane. As tecnologias digitais e a neurociências. In: LITTO, F. M. (Org.); FORMIGA, M. (Org.). Educação a Distância: o Estado da Arte. São Paulo: Pearson, 2012. cap. 8. Disponível em: <http://blog.eadaqui.com.br/eadnoface/susane_garrido_jovaed_leitura_01>. Acesso em 20 out. 2014.

 

GARRIDO, Susane. Educação a distância e os processos cognitivos: video. Disponível em: <http://vimeo.com/21242317>. Acesso em 20 out. 2014.

 

GARRIDO, Susane. Qual é o sentido da tecnologia? Computer World, São Paulo, v. 28, n. 141, out. 2011. Disponível em: <http://computerworld.com.br/estaticas/cwdigital/cw541.pdf>. Acesso em 20 out. 2014.

Tecer uma resenha sobre as grandes diferenças cognitivas que permeiam a aprendizagem presencial e a a aprendizagem a distância ou mediada por tecnologias.

 

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Fernanda V. A.
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